sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A VERDADEIRA HISTÓRIA DOS PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA NO BRASIL



Infelizmente, história contada é história modificada. Isso porque a história é contada pelos sobreviventes e, via de regra, romanceada. E os maçons brasileiros, seres humanos como quaisquer outros, não fizeram diferente. Mas o compromisso maçônico da busca irrestrita e incessante da verdade faz com que alguns fatos, geralmente “esquecidos”, devam ser divulgados para que, pelo menos na Maçonaria, conheça-se a história real.
A história que quase todos os historiadores maçons contam é sempre a mesma e é mais ou menos assim: Em 1815, nove maçons fundaram Rio de Janeiro a Loja “Comércio e Artes”, a Loja Primaz do Brasil. Então, depois de alguns anos, em 1822, a Loja já contava com 94 membros, então resolveram dividir a Loja em três e fundar o Grande Oriente Brasileiro, primeira Obediência Maçônica no Brasil.
Na verdade, a Maçonaria brasileira não nasceu no Rio de Janeiro e nem tampouco lá foi o berço da primeira Obediência Maçônica. E, evidentemente, a Loja “Comércio e Artes” nunca foi a “Loja Primaz” do Brasil. Na verdade não foi nem a décima, quanto mais a primeira.
Apesar dos esforços de muitos autores maçons em negar isso, o pioneirismo maçônico brasileiro nasceu no Nordeste, mais precisamente na Bahia. A primeira cidade do Brasil também foi berço da primeira Loja Maçônica: “Cavaleiros da Luz”, fundada em 1797. Nada mais justo. Se quase tudo no Brasil começou lá, por que na Maçonaria seria diferente? O historiador e maçom Borges de Barros, que foi diretor do Arquivo Público da Bahia e relatou pela primeira vez a existência dessa Loja, ainda deu conta de que a Loja “Cavaleiros da Luz” foi a chama principal da Conjuração Baiana. Nada mal para os nossos pioneiros!
Mesmo com a dissolução dessa primeira Loja, com o passar dos anos a Maçonaria foi se desenvolvendo no fértil solo baiano: em 1802 surgiu a Loja “Virtude e Razão” que, depois de breve tempo adormecida, foi reerguida com o nome “Virtude e Razão Restaurada”, na mesma época em que, também de seu espólio, surgiu a Loja “Humanidade”. Ainda no Nordeste, não demorou para que a luz maçônica iluminasse, por influência da Bahia, o Estado de Pernambuco.
Sobre Pernambuco, é necessário aqui um comentário à parte:
Apesar de muitos escritores maçons assim desejarem, a “Areópago de Itambé” não era uma Loja Maçônica. No século XVIII existiam centenas de instituições criadas aos moldes da Maçonaria, usando símbolos iguais e similares, e até dividindo os graus em Aprendiz, Companheiro e Mestre como na Maçonaria. Era uma verdadeira “coqueluche” de Ordens, Clubes e Associações, e era muito comum os homens livres serem membros de duas ou mais dessas diferentes instituições, até mesmo no Brasil. Um exemplo disso é o “Apostolado”, da qual José Bonifácio, Gonçalves Ledo e D. Pedro I também faziam parte. Ser inspirada na Maçonaria não é o mesmo do que ser Loja Maçônica.  
Em 1809, atendendo às inúmeras Lojas que já existiam, foi fundado em Salvador o “Governo Supremo” ou simplesmente “Grande Oriente”, a PRIMEIRA Obediência Maçônica brasileira. Não era um “Grande Oriente da Bahia”, como os poucos historiadores maçons que o citam costumam se referir, pois era composto de, pelo menos, 09 Lojas: 03 na Bahia, 04 em Pernambuco e 02 no Rio de Janeiro. Maçons portugueses e brasileiros, muitos deles iniciados na França e Portugal, eram membros dessas Lojas. Tudo isso 06 anos antes da fundação da “Comércio e Artes” e 13 anos antes do GOB. Pernambuco, por contar com maior número de Lojas, ganhou em 1816 uma Grande Loja Provincial filiada ao “Governo Supremo”.
Interessante observar que mais uma vez a Maçonaria se fez presente na história: um dos responsáveis pela formação do Governo Supremo e tido como primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Provincial de Pernambuco, Antônio Carlos de Andrada, foi o líder da Revolução Pernambucana, em 1817. Prova maior do papel decisório da Maçonaria no movimento é a lei régia de 1818 proibindo sociedades secretas no Brasil.
Antes que alguém tente justificar a constante omissão de tais fatos nas “versões oficiais” da Maçonaria brasileira por conta dessas Lojas e Obediência não terem sido regulares, é importante observar que a Loja “União”, fundada em 1800 no Rio de Janeiro e sempre presente nas versões históricas, também era irregular. Somente após a adesão de algumas autoridades públicas, ela foi “refundada”, aparentemente de forma regular, e teve seu nome modificado para Loja “Reunião”. Até mesmo a histórica Loja “Comércio e Artes” foi fundada sem Carta Constitutiva em 1815 e trabalhou de forma irregular até 1818, quando foi fechada. Somente quando de seu reerguimento, em 1821, a “Comércio e Artes” se filiou ao Grande Oriente Lusitano.  
Isso só nos mostra que a história da Maçonaria no Brasil é, muitas vezes, contada conforme a conveniência, omitindo os verdadeiros pioneiros em favor dos sobreviventes, ou lembrando deles quando se quer apontar a Maçonaria como protagonista das conjurações. Também é no mínimo intrigante como a Maçonaria esteve presente nos movimentos revolucionários baiano e pernambucano, mas tantos historiadores maçons e não-maçons fazem questão de negar sua participação na Inconfidência Mineira. Mas isso é tema pra outra ocasião.
O importante é reforçar que, antes de fundada uma Loja situacionista, a qual originou a Obediência que promoveu a independência sob a manutenção do imperialismo no Brasil, houveram várias outras Lojas e até Obediências oposicionistas, e muitos de seus membros morreram ou sofreram duras penas defendendo os princípios maçônicos de liberdade e democracia. E a Maçonaria brasileira de hoje tem o dever moral de honrar essa história.
Extraído do excelente site: http://www.noesquadro.com.br/

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LIVROS E PALESTRA

LEONARDO DE CARVALHO CASTELO BRANCO
LEONARDO DE NOSSA SENHORA DAS DORES CASTELO BRANCO

UM PATRIOTA PIAUIENSE ESQUECIDO

                                                                        Pesquisa bibliográfica feita pelo advogado:

MANOEL FORTES DE CARVALHO

Teresina - Piauí
novembro-2005



terça-feira, 13 de setembro de 2011

Rito Escocês Antigo e Aceite

Rito Escocês Antigo e Aceite



A influência das Cruzadas devia fazer--se sentir, não só entre os artífices, mas ainda entre os nobres que também conheceram na Palestina novas formas de associações e, uma vez de volta à Europa, constituíram Ordens semelhantes às do Oriente, nas quais admitiram logo outros iniciados. É assim que em 1196 se fundou na Escócia a "Ordem dos Cavaleiros do Oriente", cujos membros tinham como ornamento uma cruz entrelaçada por quatro rosas.

Dizem que dessa Ordem, trazida da Terra Santa pelo ano de 1188 da Era Cristã, fez parte o rei Eduardo 1 de Inglaterra, (1239-1307).

Um século após a fundação da Ordem dos Cavaleiros do Oriente, ou seja pelo ano de 1300, em seguida à última Cruzada em que também tomara parte o rei de uma Ordem estabelecida no Monte Mona, na Palestina (lugar escolhido por Salomão para a construção do seu Templo), foi fundado um Capítulo dessa mesma Ordem, fixando-se-lhe a sede nas Hébridas e, mais tarde em Kilwinning, denominando-se essa Ordem de "Ordem de Heredon" (lembramos que a palavra "Heredon" é composta de "hieros"- santo e "domos"- casa, portanto Casa Santa ou Templo).

Alguns anos mais tarde, no começo do século XIV, o papa Clemente V e o rei da França, Felipe o Belo, iniciaram a sua obra nefasta de perseguição aos Templários.

Para se compreender o papel que a Ordem do Templo desempenhou na Maçonaria Escocesa é necessário resumir a sua história.

A Ordem do Templo foi fundada, após a primeira Cruzada, por Godofredo de Bouillon, Hugues de Payens e Godofredo de Saint-Ornar, com o fito de proteger os peregrinos que de Jerusalém se dirigiam ao lago de Tiberiade. Associados em 1118 a outros sete Cavaleiros, os Templários fizeram o seu quartel numa casa vizinha ao terreno do Templo de Jerusalém. Dez anos mais tarde receberam do Papa os estatutos que os constituíram em Ordem, ao mesmo tempo Religiosa e Militar.

Em breve a Ordem tomou um desenvolvimento considerável e no século XII, possuía nove mil residências na Europa. No século XIV, contava com mais de vinte mil membros. Apesar do seu poder e da sua riqueza, o mistério com que os Templários rodeavam as reuniões do seu Capítulo e as suas iniciações prestavam-se às acusações de impiedade e de crueldade que o povo em todos os tempos profere contra as associações secretas.

Consciente de uma impopularidade crescente, o Grão-Mestre Jacques de Molay, pediu ao papa Clemente V, em 1306, a abertura de um inquérito, mas este contentou-se a convidar Molay para ir a Avignon, em França, onde, por força de circunstâncias adversas estava provisoriamente instalado o papado.

Por outro lado o rei da França tinha mais do que nunca necessidade de dinheiro e, para resolver esta dificuldade, valia-se dos Templários que lhe emprestavam elevadas somas. Ora, naquele tempo, quando alguém se queria desembaraçar de uma dívida, o meio mais simples era desembaraçar-se do credor. Foi por isso que em Setembro de 1307 todos os oficiais do rei receberam instruções mais que misteriosas, sendo que a 12 de Setembro do mesmo ano Molay era preso no Templo, ao mesmo tempo que outros membros da Ordem também o eram, em todos os pontos de França. No mesmo dia foram todos levados perante inquisidores que os acusaram dos mais abomináveis crimes, e como não podiam confessar um crime que não haviam cometido, foram levados à tortura. Disse um deles aos seus juízes:

- Fui de tal modo torturado, atormentado, exposto à força, que as carnes dos meus calcanhares foram consumidas e os ossos caíram poucos dias depois.

O Rei, Felipe, o Belo, apressou-se em fazer mão baixa no tesouro da Ordem, depositado no Templo de Paris. O concílio que deveria julgar os Templários reuniu-se em Viena, no Delfinado, a 13 de Outubro de 1311, onde ninguém foi citado para defender-se. Porém, perante a resistência do concílio em julgar tal iniquidade, o Papa Clemente V, anulou a autoridade da Ordem do Templo em 12 de Abril de 1312, apesar dos concílios de Ravena, Salamanca e Moguncia terem absolvido os Templários, sendo estes levados à sua presença.

A supressão da Ordem dos Templários teve seu epílogo em 1313. O papa reservara para si o julgamento do Grão-Mestre e dos dignitários presos há sete anos nas masmorras de Felipe, o Belo. A 18 de Março de 1313 todos se retrataram e na noite daquele mesmo dia pereceram todos nas fogueiras que com antecedência haviam sido preparadas. Prevaleceu a força ao interesse sobre a justiça. A última frase de Jacques de Molay foi: — "Spes mea in Deo est". Esta frase tornou-se uma divisa para o Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceite.

É muito provável que os sobreviventes da Ordem dos Templários, anatematizados pela igreja, tenham, então, procurado agrupar-se de novo noutras associações, sendo que não há razões plausíveis para aceitar como facto histórico ou de repelir a titulo de lenda, a tradição maçónica que liga a tradição que praticaram os Templários à Ordem Cavalheiresca de Heredom, ou ao Grande Capítulo de Kilwinning. Entretanto desde que começaram as perseguições em França, vários templários escaparam, por felicidade, fugindo para a Escócia, alistando-se sob a bandeira do Rei Roberto 1, que criou a 24 de Junho de 1334, a "Ordem do Cardo", em favor dos maçons e dos Templários que haviam contribuído para o sucesso de suas armas em Bannock-Bunn, na qual as iniciações eram semelhantes às da Ordem do Templo.

Parece pois que o rei da Inglaterra quis recompensar os Templários, restabelecendo a sua Ordem, com as mesmas formas, mas com outra designação. Há outro facto mais importante ainda ,um ano depois, Roberto I, fez a fusão da Ordem do Cardo com a Ordem de Heredom, elevou a Loja Mãe de Kilwinning à categoria de Loja Real e, estabeleceu, junto a ela, o Grande CN.,ítulo da Ordem Real de Heredon de Kilwinning e dos Cavaleiros Rosa-Cruz. Este nome de Cavaleiro Rosa-Cruz aparece aqui pela primeira vez, tudo fazendo supor, que não é senão outra designação da Ordem dos Cavaleiros do Oriente, cujo emblema era uma cruz enlaçada por quatro rosas. Estes factos históricos são de importância capital para o Escocismo e pedem mais atenção para o assunto.

Verificamos em primeiro lugar, que nos séculos XII e XIII, a Maçonaria Operativa viu abrigarem--se Ordens de Cavalaria nas suas Lojas, que nenhuma relação tinham com aquela associação de ofícios, e cujas iniciações, praticas, cerimónias e graus eram diferentes dos seus. Algumas dessas Ordens refugiavam-se na nova Ordem estabelecida pelo rei Roberto I, umas por si próprias, outras com o beneplácito dos reis de Inglaterra, que acumulavam dos mesmos favores maçons e cavaleiros em recompensa por serviços prestados à coroa, que os agrupava numa fraternidade, sobre a qual podia apoiar-se, em caso de necessidade.

Uma outra constatação importante para o Escocismo, é que os Templários entravam, desde 1307, nas Lojas da Escócia que estavam sob a égide da Ordem do Cardo, levando, não obstante, para ela, as cerimónias Templárias e os seus graus. Estes graus junto aos da Ordem de Cavalaria eram conferidos pelo Grande Capítulo Real de Heredom de Kilwinning, e formavam o sistema escocês, conhecido pelo nome de Rito de Heredonn ou de Perfeição. Pode, assim, explicar-se como, após a suspensão da Ordem do Templo, certas Ordens de Cavalaria, que haviam mantido a sua influência sobre a maçonaria operativa da Escócia, acharam o meio de desenvolverem o cerimonial das iniciações dos pedreiros, num ritual completo e susceptível de inculcar aos seus iniciados mais do que a simples comunicação dos segredos da arte de construir.

É também por essa época, ou seja mais de quatrocentos anos antes da constituição da Grande Loja da Inglaterra, que nasceu na Escócia o nome de Maçom Adoptado, pelo qual se entenderam os membros das Lojas que não pertenciam à profissão de pedreiros. Insistamos em que essa fusão da Maçonaria operativa com as Ordens da Cavalaria, se operou somente na Escócia e não em Inglaterra. Isto explica, portanto, a origem escocesa de graus diferentes dos que eram conferidos pela corporação dos pedreiros de outros países - aprendiz, companheiro e mestre. Enfim, ao realçar-se o papel político das Ordens da Cavalaria e das Lojas da Escócia, inteiramente devotados ao rei da Inglaterra, compreende-se, então, a fidelidade com que a Maçonaria Escocesa defendia a causa dos destronados.

Para terminar esta parte deste trabalho, é interessante indicar quais os graus que a Loja Real de Kilvvinning e seu Grande Capítulo de Heredon conferiam desde o seu estabelecimento. A própria Loja trabalhava com os graus da Maçonaria operativa, ou sejam Aprendiz, Companheiro e Mestre de ofício, mas convém notar que o Grau de Mestre não existia naquela época em que os mestres não eram senão os dirigentes das Oficinas, isto é das construções, cada qual em sua profissão.

Os demais graus inspirados pelos Rosa-Cruz, foram criados no começo do século XVIII, quando o Capítulo de Heredon conferia aos membros da Ordem dos Cavaleiros do Oriente ou da Ordem dos Cavaleiros Rosa-Cruz, e da Ordem do Cardo, ou do Templo, todos os graus dessas duas Ordens. Depois de se terem, assim, brevemente resumido as tradições da confraria dos pedreiros e estabelecido, em conformidade com as circunstâncias, as Ordens de Cavalaria que a elas se ligaram, convém determo-nos um instante na Ordem da Rosa-Cruz, que exerceu uma influência preponderante na transformação da Maçonaria Operativa na sua forma Simbólica, como a conhecemos hoje.

Poucos historiadores se ocuparam ainda da origem real da Rosa-Cruz, que entretanto desempenhou papel considerável nos séculos XVI e XVII. O motivo dessa abstenção, explica-se pela ausência da necessária documentação histórica que os Rosa-Cruz não se preocuparam em guardar, pois viveram espalhados pelo mundo então conhecido, reunindo-se uma vez por ano para transmitir uns aos outros, os conhecimentos adquiridos. Porém, estes conhecimentos foram sempre transmitidos oralmente.

A Conferência Internacional dos Cavaleiros Rosa-Cruz, realizada em Bruxelas em 1880, lançou felizmente uma nova luz sobre a história dessa Ordem. A princípio a conjuração dos Rosa-Cruz, não foi mais do que uma afirmação da liberdade de pensar.

Uma obra de apaziguamento e de tolerância. O que os Templários tinham querido fazer no seio da Igreja Romana, os Rosa-Cruz também tentaram realizar, ficando, porém, cautelosamente fora de qualquer afirmação confessional.

Só passados quase quinhentos anos, desde que os Templários sobreviventes do massacre ordenado por Clemente V se estabeleceram na Escócia, durante os quais o Escocismo se consolidou e se espalhou pela Europa, é que vamos encontrar os novos registos das mudanças estabelecidas no Escocismo tal o conhecemos hoje. É conveniente lembrar, que o poder directivo da Ordem não estava mais na Escócia, nem na França, mas sim na Prússia, onde Frederico 11, o seu rei, havia efectivado profundas modificações no Escocismo, fazendo vigorar a sua primeira Constituição, Regulamentos e Leis Normativas. Uma dessas mudanças foi a de dar ao Escocismo os actuais trinta e três graus, pois até então tinha somente vinte e cinco.

As grandes Constituições de 1786 não chegaram a alcançar imediatamente o fim a que se haviam pro-posto, e é fácil de determinar a causa. Três meses depois de serem publicadas, em 17 de Agosto de 1786, Frederico II, seu autor, morreu. Todos os que, com Frederico II, compuseram o primeiro Conselho da Ordem reestruturada, foram obrigados a dispersar-se, pressionados pelo novo rei Frederico Guilherme II, que só queria a Ordem Rosa-Cruz e que passou a não tolerar outra forma de Maçonaria. Deste modo, a reforma foi levada para França por um dos colaboradores de Frederico 11, o 'Conde D'Esterno, embaixador de França em Berlim e um dos signatários das Grandes Constituições.

D'Esterno, tentou introduzir, logo após o seu regresso, o Rito Escocês Antigo e Aceite no seu país, fundando para isso um Supremo Conselho, em Paris, em cuja presidência ficou o duque de Orleans e do qual tomaram parte ChaítIon de Joinville, o Conde de Clermont-Tonnerre e o Marquês de Bercy. Este Supremo Conselho teve vida efémera, sendo obrigado a desaparecer pelas circunstâncias revolucionárias que se estabeleceram em França.

Há um facto curioso a ser registado. O Escocismo, foi fundado na Europa, onde adormeceu, e voltou a funcionar mais tarde, tendo voltado da América de uma forma mais vigorosa e mais envolvente, pelas seguintes razões:

A 27 de Agosto de 1761, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente entregou ao Irmão Estevão Morin, cujos negócios o chamavam à América, uma Patente de Grão-Mestre Inspector, autorizando--o a "Trabalhar regularmente pelo próprio proveito e adiantamento da Arte Real e constituir Irmãos nos Sublimes Graus de Perfeição". Morin, saindo de Paris, chegou a São Domingos onde instalou o seu gabinete, espécie de Grande Oriente para os Altos Graus no Novo Mundo. Em 1770, fundou o Conselho dos Príncipes do Real Segredo de Kingston, na Jamaica, criou muitos Inspectores Gerais, entre eles, Francken, De Grasse-Tilly, De Ia Hogue e Hacquest. Ora, esses Maçons da América, pertenciam ao Rito de Perfeição e mantinham relações assíduas com o Grande Consistório de Bordeaux. Mas, como já foi dito, este adormeceu em 1781. Desde então os novos Corpos de São Domingos e da Jamaica passaram a manter relações com Berlim até a morte de Frederico II, que era tido como o Grão-Mestre Universal. É provável, entretanto, que não podendo mais prevalecerem Actos Constitucionais emanados de uma autoridade desaparecida, aqueles maçons se tenham dirigido a Berlim, tendo em vista agruparem-se sob outro sistema ligando-se em definitivo ao Rito constituído pelas Grandes Constituições.

A 29 de Novembro de 1785, Salomão Bush, Grão--Mestre de todas as Lojas e Capítulos da América do Norte, dirige-se a Frederico 11 na sua qualidade de chefe supremo da Maçonaria para dar-lhe a conhecer a criação, na presença de uma grande assembleia de Irmãos, de uma "Sublime Loja" em Philadelphia, que "se submeteria às Leis e Constituições que a Ordem deve ao seu Chefe Soberano", e exprimir-lhe o desejo de que a "Grande Luz de Berlim condescenderá em iluminar a nova Loja". Os maçons da América trabalham, não obstante, até I 801 com o Rito de Perfeição, pois até aquela data o mais alto grau conhecido na América era o de Príncipe do Real Segredo, ou seja o Grau 25, na escala do Escocismo, antes da reforma estabelecido por Frederico II, que lhe acrescentou mais sete graus.

A 31 de Maio do mesmo ano foi constituída em Charleston uma nova Potência dirigente que adopta as Grandes Constituições de 1786 e os trinta e três Graus nelas estabelecidas. Essa Potência que tomou o nome de"Supremo Conselho dos Grande Inspectores Gerais para os Estados Unidos da América", foi realmente a primeira a concretizar de modo definitivo o objectivo das Grandes Constituições de Frederico II, ou seja, a primeira a praticar o Escocismo como é hoje conhecido. De Grasse-Tilly, era membro do Supremo Conselho de Charleston. Em 1802 voltou à Jamaica e fundou com De La Houge, naquela cidade, um Supremo Conselho de qual foi o Mui Poderoso Soberano Grande Comendador. Em 1803, De Grasse-Tilly regressou a França onde instalou em 22 de Setembro de 1804 um Supremo Conselho em Paris, com jurisdição internacional.

Assim o Rito Escocês Antigo e Aceite e o Escocismo, renasciam das suas cinzas em solo francês, de onde não mais saíram, e achavam-se definitivamente constituídos sobre as bases das Grandes Constituições. Foram sucessivamente fundados outros Supremos Conselhos em muitos países da Europa e na maior parte dos estados da América. Estes Supremos Conselhos formam hoje o Escocismo e o Rito Escocês Antigo e Aceite, que é o Rito maçónico mais praticado no mundo.

Vamos parar por aqui este relato, porque todos os acontecimentos posteriores a 1801 pertencem à história do Rito Escocês, em todas as suas formas, e o nosso propósito limita-se às suas origens.

O Rito Escocês Antigo e Aceite termina, assim, o período do seu estabelecimento, da sua organização, do número e dos nomes dos seus trinta e três graus e das regras que os regem. Contudo era ainda necessário, em suma, a fixação de um plano comum, que fosse finalmente considerado como definitivo.

Desde então a sua organização compreende uma série de seis grupos, a um tempo unidos e hierarquizados. A Loja Simbólica, a Loja de Perfeição, o Capítulo, o Conselho de Kadosch, o Consistório e o Supremo Conselho. O conjunto destes Corpos, forma uma Instituição na qual todos os elementos estão ligados entre si, e cujas categorias funcionam sem se contraporem umas às outras numa harmonia feliz pela integração de todos.

Todos esses Corpos constituídos, independentemente uns dos outros, têm uma organização específica e uma hierarquia interna, direitos e deveres apropriados que as leis e usos do rito determinam. Ora, essas leis não são mais do que leis de equilíbrio destinadas a assegurar o funcionamento da sociedade inteira em perfeita ordem e harmonia. O Rito Escocês Antigo e Aceite representa os maçons que desde 1717 consideraram como incompleto o sistema da Grande Loja da Inglaterra; os que, durante o século XVIII, procuraram organizar numa só série as iniciações que outrora eram praticadas nos colégios independentes.

Enfim, o Rito Escocês Antigo e Aceite resolveu definitivamente o problema que tinha por objectivo conservar na Maçonaria os ensinamentos filosóficos que, há séculos, se agruparam em torno do pensamento primitivo e simples, em que a Maçonaria está estabelecida. Cada iniciação evoca a lembrança de uma religião, de uma escola, ou de alguma instituição da antiguidade. Estão em primeiro lugar as doutrinas judaicas. Vêm em seguida os ensinamentos baseados no cristianismo e representados sobretudo pelos Rosa-Cruz, esses audazes naturalistas que foram os pais do método de observação e procura da verdade, de onde saiu a ciência moderna. Portanto, as iniciações do Escocismo reportam-se aos Templários, esses cavaleiros hospitalares e filósofos nos quais os maçons dos Altos Graus glorificam a liberdade do pensamento corajosamente praticada numa época de terrorismo sacerdotal. O tempo terminou a sua obra. Doravante a prosperidade da Ordem dependerá em cada país dos Irmãos que a conduzem e a inspiram. A fidelidade absoluta da parte de todos os maçons dos Altos Graus ao Estatuto Geral de cada Supremo Conselho e a convicção inquebrantável na excelência do Escocismo, são sem sombra de dúvida as condições necessárias para a perpetuação da Ordem, mas para esse desiderato é necessário que cada um de nós cumpra bem a sua parte.


- Trabalho colocado em observações próprias do autor e na conferência realizada no Subl.·. Capítulo L'Amitié (Amizade) em Lousanne em 5-5-1923 pelo Ir.·. Mourice Joton 300

domingo, 11 de setembro de 2011

Saiba qual o significado de alguns dos simbolos maçonicos

Saiba qual o significado de alguns dos simbolos maçonicos, como o compasso, esquadro, colunas, anel, cinzel, circulo, e outros
É importante lembrar que todos os símbolos mencionados não podem ser traduzidos em palavras e que cada palavra, por si só, já é um símbolo, que há de servir apenas de inspiração para a correta análise do simbolismo maçônico.
ACÁCIA (do grego Akakia, árvore que significa a inocência) representa a inocência ou pureza, a segurança e a certeza. Foi um ramo de acácia que os companheiros de Hiram Abiff encontraram no seu túmulo improvisado. Corresponde à murta de Elêusis, ao visco dos Druidas e ao buxo dos Cristãos.
AÇO símbolo da força
ÁGUA TOFANA símbolo do desprezo dado ao maçom que não cumpre o seu dever
ALAVANCA emblema da força moral, da perseverança, do poder da vontade; um dos instrumentos simbólicos, passivos, do grau de Companheiro, que deve ser associado à régua, instrumento ativo
AMPULHETA emblema do tempo e da morte
ÂNCORA emblema da esperança, uma das virtudes necessárias ao aperfeiçoamento
do homem e da estabilidade
ANEL emblema da aliança, do acordo firmado entre partes
ÂNGULO RETO símbolo da virtude e da conduta do bom maçon. A posição dos pés, estando à ordem, no grau de Aprendiz, é em ângulo reto e assim também deve ser o seu passo
ARCO-ÍRIS símbolo da aliança entre Deus e o homem
AVENTAL: elemento principal e essencial das insígnias maçônicas, símbolo do trabalho, tanto físico, como intelectual e moral. O avental é geralmente composto por um retângulo (alusivo à forma do Templo de Salomão), a que se sobrepõe uma abeta triangular. No 1º grau (Aprendiz), a abeta acha-se levantada, ao passo que em todos os demais
graus, ela se dobra para baixo. O rectângulo do avental pode também mudar de forma, nomeadamente para hexágono e para semicírculo. As suas dimensões, cores e decorações variam com os graus, as funções, os ritos, as obediências e a própria história.
AZEITE símbolo da paz, da caridade, da abundância e da fecundidade. Pode ser usado como combustível na iluminação das lojas, em vez das velas e dos círios
BALANÇA símbolo da Justiça
BILHA DE ÁGUA Simboliza a hospitalidade e a frugalidade que devem caracterizar o maçom
BOI símbolo da força e do trabalho
CHAVE símbolo da fidelidade e da discrição e, como tal, emblema do Tesoureiro de todas as lojas e ritos
CINZEL símbolo do discernimento e dos conhecimentos adquiridos mas, também, da força, da tenacidade e da perseverança. O seu uso representa, para o Aprendiz, o aperfeiçoamento e o conhecimento de si próprio. Representa o passivo, indissociado do malhete, o ativo
CÍRCULO símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia
COLMÉIA símbolo do trabalho coletivo e da solidariedade; como tal, simboliza o trabalho maçônico
COLUNAS J e B: símbolos dos limites do mundo criado, da vida e da morte, do elemento masculino e do elemento feminino, do ativo e do passivo, significam, respectivamente, Jokin e Bohaz
COMPASSO símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas
CORAÇÃO símbolo do amor altruísta e da fidelidade
CORDA símbolo da humildade e da escravidão em que se encontra um candidato a determinado grau, até o receber
CORDÃO também chamado cordão nodoso e cordão do amor, corda com 12 nós e borlas nas extremidades, que se coloca em geral ao longo da parte superior de qualquer templo, junto ao tecto. Simboliza a união fraterna entre maçons, a cadeia de união que os liga indissoluvelmente. Os 12 nós aludem aos 12 signos do Zodíaco, haja vista que o cordão, delimitando e rodeando o templo, se interpreta também como a eclíptica desse mesmo universo. Simbolizam igualmente os marcos ou pilares que fazem conservar no seu lugar certo os elementos do templo e, por extensão, os componentes do universo
COROA símbolo da majestade, do poder, da glória e do triunfo.
CRUZ símbolo do cosmos, pela combinação do horizontal com o vertical e, por analogia, do próprio templo; do ponto de vista cristão, simboliza a imortalidade e a ressurreição; os quatro elementos (ar, água, fogo e terra)
CUBO isoladamente, o cubo simboliza a estabilidade; maçonicamente, simboliza, além disso, a obra-prima que o Aprendiz deve começar a preparar, trabalhando na pedra bruta e, portanto, a perfeição, a realização espiritual e de si mesmo. Associado à esfera, o cubo simboliza a totalidade das coisas, o universo, representando ele próprio a Terra. Associado à pirâmide quadrangular, o cubo simboliza a pedra por excelência
DELTA: triângulo luminoso, símbolo da força expandindo-se; distingue o Rito Escocês
ESFINGE Emblema do segredo maçônico e a quádrupla divisa exigida ao maçom "saber" (cabeça humana), "ousar" (garras de leão), "poder" (corpo de leão ou de touro) e "calar" (mutismo da expressão) - os quatro pilares do templo de Salomão
ESPIGA Símbolo da fecundidade e da universalidade do espírito, bem como da indestrutibilidade da vida
ESQUADRO: Resulta da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e também da ação do Homem sobre a matéria e da ação do Homem sobre si mesmo. Significa que devemos regular a nossa conduta e as nossas ações pela linha e pela régua maçônica. Emite a ideia inflexível da imparcialidade e precisão de carácter, simboliza a moralidade
FERRO símbolo dos trabalhos do mundo
FIO DE PRUMO tal como na Maçonaria operativa o fio de prumo serve para verificar a vertical correta de qualquer lugar, a na Maçonaria especulativa o fio de prumo simboliza a profundidade e a retidão do conhecimento, sem quaisquer desvios. E tal como, entre pedreiros, o fio de prumo, associado ao nível e ao esquadro, permite construir com perfeição um edifício, da mesma forma, entre os pedreiros-livres, aqueles objetos são indispensáveis à perfeição do indivíduo. O fio de prumo é o elemento ativo, de movimento e ação, que se associa ao nível, elemento passivo, de inércia e repouso
FLOR As principais flores usadas na simbologia maçônica são:
Flor (amarela) da acácia - emblema da imortalidade da alma e da luz, sendo os espinhos emblema dos raios do Sol
Cravo (vermelho) - emblema do Amor, muitas vezes oferecido pelos maçons às pessoas que amam
Rosa (vermelha) - mesmo significado do cravo vermelho; significa também paixão, dor e martírio
Rosa (combinada com a cruz) - símbolo do Homem-Deus que existe em cada homem
Rosa (branca) - emblema da alegria e pureza
Rosa (amarela) - emblema da união
Rosa (negra) - emblema do silêncio
Lis (vermelho) - emblema da realeza e da autoridade
FOGO símbolo que representa a fonte de energia necessária a qualquer grande obra, o amor profundo pelo próximo e o ardor ou entusiasmo por tudo o que é nobre e generoso. Na cerimônia da Iniciação, representa a purificação espiritual.
FOICE emblema do tempo e da morte.
GALO símbolo da ousadia e da vigilância, da representação do mercúrio
INCENSO símbolo da pureza de intenções, o incenso, ao lado de outros perfumes, pode utilizar-se em cerimonias variadas
LÁGRIMAS símbolo de luto e de tristeza
LÂMPADA símbolo de fonte de luz
LEÃO símbolo da força, do valor e do carácter
LUVAS emblema da pureza, quer no sentido lendário, de não participação no assassínio de Hiram, quer no sentido moral, de não participação nos vícios do mundo profano, as luvas brancas são um dos elementos do vestuário maçônico, usadas na maioria dos graus.
LUZ conhecimento que se recebe ao entrar na Maçonaria, quer do ponto de vista racional e moral, quer simbólico, e cuja intensidade aumenta à medida que se sobe na hierarquia dos graus. A luz maçônica opõe-se às trevas do mundo profano
MACHADO símbolo do poder, da vontade, da autoridade e da destruição da ignorância.
MALHETE pequeno martelo, emblema da vontade ativa, do trabalho e da força material; instrumento de direcção, poder e autoridade
NÍVEL ferramenta utilizada na Maçonaria operativa e, simbolicamente, pela Maçonaria especulativa também. Servindo para reconhecer se um plano é horizontal e sem acidentes, simboliza a igualdade social, indicando que os direitos dos homens são os mesmos
OLHO o olho inscrito no delta ou triângulo luminoso simboliza o Sol visível, fonte de luz e da vida; simboliza igualmente o Verbo, o princípio criador, a presença omnisciente de Deus, a omnisciência da razão superior, omnisciência do dever e da consciência. Corretamente desenhado, o olho não deve ser direito nem esquerdo, mas impessoal e abstrato
OLIVEIRA símbolo da vida e da prosperidade na paz vitoriosa
OSSOS emblema da morte, da degradação e da renúncia. Na Câmara de Reflexões, indicam ao futuro maçom que se deve desprender das ossadas terrenas, da putrefacção do túmulo, para nascer de novo
PÃO emblema do alimento do espírito (com sal), da hospitalidade e (com a água) da frugalidade, existente na Iniciação para meditação do candidato a maçom. Indica-lhe a simplicidade que deverá nortear a sua vida futura
PAVIMENTO EM MOSAICO chão em xadrez de quadrados pretos e brancos, com que devem ser revestidos os templos; símbolo da diversidade do globo e das raças, unidas pela Maçonaria; símbolo também da oposição dos contrários, bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas
PEDRA BRUTA símbolo das imperfeições do espírito do profano que o maçon deve procurar corrigir e, também, da juventude, caracterizada pelo domínio das paixões e dos impulsos, a pedra bruta apresenta-se como um bloco tosco de pedra colocado junto da coluna dos Aprendizes. A tarefa destes últimos consiste em desbastá-la até à conversão em pedra cúbica, isto é, em aperfeiçoarem o espírito e em saberem controlar as paixões
PEDRA CÚBICA símbolo da obra-prima que o Companheiro deve procurar realizar pelo aperfeiçoamento de si mesmo e o controle das paixões e dos impulsos, e também símbolo da idade madura, mais serena e calma, a pedra cúbica apresenta-se como um bloco de pedra bem talhada e polida, colocada junto à coluna dos companheiros. A sua forma termina, geralmente em pirâmide. Na pedra cúbica estão, muitas vezes, inscritos emblemas diversos da ciência
maçônica
PENTAGRAMA estrela pentagonal, também chamada pentalfa, é o emblema da natureza e do homem que nesta se insere. As cinco pontas iguais correspondem à cabeça e aos quatro membros do ser humano. Colocada na parede do Oriente das lojas simbólicas, por cima da cadeira do Venerável
POMBA emblema da força da natureza ou da virgindade
PONTE símbolo da livre passagem
PUNHAL instrumento de vingança simbólico contra os traidores
RAIOS os raios que saem do delta resplandecente simbolizam a glória divina ou, num sentido racionalista, a glória da razão e da verdade
RÉGUA Instrumento ativo, simboliza a retidão, a precisão na execução, o método, a lei justa, o aperfeiçoamento de toda a construção. Simboliza ainda o infinito, visto permitir traçar a linha reta, sem princípio nem fim. Associa-se à alavanca, instrumento passivo
SAL símbolo da hospitalidade, da ponderação e da estabilidade que devem caracterizar o maçom
SANGUE símbolo do sacrifício e da punição
SOL símbolo da luz, tanto física como espiritual e, também, da vida, da saúde, do equilíbrio, da força, do pólo activo. O Sol desempenha um papel de relevo na emblemática maçônica, estando presente na decoração das lojas, no painel do Aprendiz, na linguagem e no conteúdo dos rituais, na fixação das grandes festividades
TEMPLO simbolicamente, o templo é o objetivo da construção do maçom e do trabalho da Maçonaria. Representa, assim, o Homem perfeito, a Humanidade ideal do futuro e, por extensão, a paz, a harmonia, a liberdade, a igualdade e fraternidade, o bem, em suma, o conjunto de todas as virtudes maçônicas. Simultaneamente, microcosmo e macrocosmo, as dimensões do templo são infinitas: do ocidente ao oriente, do setentrião ao meio-dia, do nadir ao zênite
VINHO símbolo da inteligência

Saiba qual o significado de alguns dos simbolos maçonicos

Saiba qual o significado de alguns dos simbolos maçonicos, como o compasso, esquadro, colunas, anel, cinzel, circulo, e outros
É importante lembrar que todos os símbolos mencionados não podem ser traduzidos em palavras e que cada palavra, por si só, já é um símbolo, que há de servir apenas de inspiração para a correta análise do simbolismo maçônico.
ACÁCIA (do grego Akakia, árvore que significa a inocência) representa a inocência ou pureza, a segurança e a certeza. Foi um ramo de acácia que os companheiros de Hiram Abiff encontraram no seu túmulo improvisado. Corresponde à murta de Elêusis, ao visco dos Druidas e ao buxo dos Cristãos.
AÇO símbolo da força
ÁGUA TOFANA símbolo do desprezo dado ao maçom que não cumpre o seu dever
ALAVANCA emblema da força moral, da perseverança, do poder da vontade; um dos instrumentos simbólicos, passivos, do grau de Companheiro, que deve ser associado à régua, instrumento ativo
AMPULHETA emblema do tempo e da morte
ÂNCORA emblema da esperança, uma das virtudes necessárias ao aperfeiçoamento
do homem e da estabilidade
ANEL emblema da aliança, do acordo firmado entre partes
ÂNGULO RETO símbolo da virtude e da conduta do bom maçon. A posição dos pés, estando à ordem, no grau de Aprendiz, é em ângulo reto e assim também deve ser o seu passo
ARCO-ÍRIS símbolo da aliança entre Deus e o homem
AVENTAL: elemento principal e essencial das insígnias maçônicas, símbolo do trabalho, tanto físico, como intelectual e moral. O avental é geralmente composto por um retângulo (alusivo à forma do Templo de Salomão), a que se sobrepõe uma abeta triangular. No 1º grau (Aprendiz), a abeta acha-se levantada, ao passo que em todos os demais
graus, ela se dobra para baixo. O rectângulo do avental pode também mudar de forma, nomeadamente para hexágono e para semicírculo. As suas dimensões, cores e decorações variam com os graus, as funções, os ritos, as obediências e a própria história.
AZEITE símbolo da paz, da caridade, da abundância e da fecundidade. Pode ser usado como combustível na iluminação das lojas, em vez das velas e dos círios
BALANÇA símbolo da Justiça
BILHA DE ÁGUA Simboliza a hospitalidade e a frugalidade que devem caracterizar o maçom
BOI símbolo da força e do trabalho
CHAVE símbolo da fidelidade e da discrição e, como tal, emblema do Tesoureiro de todas as lojas e ritos
CINZEL símbolo do discernimento e dos conhecimentos adquiridos mas, também, da força, da tenacidade e da perseverança. O seu uso representa, para o Aprendiz, o aperfeiçoamento e o conhecimento de si próprio. Representa o passivo, indissociado do malhete, o ativo
CÍRCULO símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia
COLMÉIA símbolo do trabalho coletivo e da solidariedade; como tal, simboliza o trabalho maçônico
COLUNAS J e B: símbolos dos limites do mundo criado, da vida e da morte, do elemento masculino e do elemento feminino, do ativo e do passivo, significam, respectivamente, Jokin e Bohaz
COMPASSO símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas
CORAÇÃO símbolo do amor altruísta e da fidelidade
CORDA símbolo da humildade e da escravidão em que se encontra um candidato a determinado grau, até o receber
CORDÃO também chamado cordão nodoso e cordão do amor, corda com 12 nós e borlas nas extremidades, que se coloca em geral ao longo da parte superior de qualquer templo, junto ao tecto. Simboliza a união fraterna entre maçons, a cadeia de união que os liga indissoluvelmente. Os 12 nós aludem aos 12 signos do Zodíaco, haja vista que o cordão, delimitando e rodeando o templo, se interpreta também como a eclíptica desse mesmo universo. Simbolizam igualmente os marcos ou pilares que fazem conservar no seu lugar certo os elementos do templo e, por extensão, os componentes do universo
COROA símbolo da majestade, do poder, da glória e do triunfo.
CRUZ símbolo do cosmos, pela combinação do horizontal com o vertical e, por analogia, do próprio templo; do ponto de vista cristão, simboliza a imortalidade e a ressurreição; os quatro elementos (ar, água, fogo e terra)
CUBO isoladamente, o cubo simboliza a estabilidade; maçonicamente, simboliza, além disso, a obra-prima que o Aprendiz deve começar a preparar, trabalhando na pedra bruta e, portanto, a perfeição, a realização espiritual e de si mesmo. Associado à esfera, o cubo simboliza a totalidade das coisas, o universo, representando ele próprio a Terra. Associado à pirâmide quadrangular, o cubo simboliza a pedra por excelência
DELTA: triângulo luminoso, símbolo da força expandindo-se; distingue o Rito Escocês
ESFINGE Emblema do segredo maçônico e a quádrupla divisa exigida ao maçom "saber" (cabeça humana), "ousar" (garras de leão), "poder" (corpo de leão ou de touro) e "calar" (mutismo da expressão) - os quatro pilares do templo de Salomão
ESPIGA Símbolo da fecundidade e da universalidade do espírito, bem como da indestrutibilidade da vida
ESQUADRO: Resulta da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e também da ação do Homem sobre a matéria e da ação do Homem sobre si mesmo. Significa que devemos regular a nossa conduta e as nossas ações pela linha e pela régua maçônica. Emite a ideia inflexível da imparcialidade e precisão de carácter, simboliza a moralidade
FERRO símbolo dos trabalhos do mundo
FIO DE PRUMO tal como na Maçonaria operativa o fio de prumo serve para verificar a vertical correta de qualquer lugar, a na Maçonaria especulativa o fio de prumo simboliza a profundidade e a retidão do conhecimento, sem quaisquer desvios. E tal como, entre pedreiros, o fio de prumo, associado ao nível e ao esquadro, permite construir com perfeição um edifício, da mesma forma, entre os pedreiros-livres, aqueles objetos são indispensáveis à perfeição do indivíduo. O fio de prumo é o elemento ativo, de movimento e ação, que se associa ao nível, elemento passivo, de inércia e repouso
FLOR As principais flores usadas na simbologia maçônica são:
Flor (amarela) da acácia - emblema da imortalidade da alma e da luz, sendo os espinhos emblema dos raios do Sol
Cravo (vermelho) - emblema do Amor, muitas vezes oferecido pelos maçons às pessoas que amam
Rosa (vermelha) - mesmo significado do cravo vermelho; significa também paixão, dor e martírio
Rosa (combinada com a cruz) - símbolo do Homem-Deus que existe em cada homem
Rosa (branca) - emblema da alegria e pureza
Rosa (amarela) - emblema da união
Rosa (negra) - emblema do silêncio
Lis (vermelho) - emblema da realeza e da autoridade
FOGO símbolo que representa a fonte de energia necessária a qualquer grande obra, o amor profundo pelo próximo e o ardor ou entusiasmo por tudo o que é nobre e generoso. Na cerimônia da Iniciação, representa a purificação espiritual.
FOICE emblema do tempo e da morte.
GALO símbolo da ousadia e da vigilância, da representação do mercúrio
INCENSO símbolo da pureza de intenções, o incenso, ao lado de outros perfumes, pode utilizar-se em cerimonias variadas
LÁGRIMAS símbolo de luto e de tristeza
LÂMPADA símbolo de fonte de luz
LEÃO símbolo da força, do valor e do carácter
LUVAS emblema da pureza, quer no sentido lendário, de não participação no assassínio de Hiram, quer no sentido moral, de não participação nos vícios do mundo profano, as luvas brancas são um dos elementos do vestuário maçônico, usadas na maioria dos graus.
LUZ conhecimento que se recebe ao entrar na Maçonaria, quer do ponto de vista racional e moral, quer simbólico, e cuja intensidade aumenta à medida que se sobe na hierarquia dos graus. A luz maçônica opõe-se às trevas do mundo profano
MACHADO símbolo do poder, da vontade, da autoridade e da destruição da ignorância.
MALHETE pequeno martelo, emblema da vontade ativa, do trabalho e da força material; instrumento de direcção, poder e autoridade
NÍVEL ferramenta utilizada na Maçonaria operativa e, simbolicamente, pela Maçonaria especulativa também. Servindo para reconhecer se um plano é horizontal e sem acidentes, simboliza a igualdade social, indicando que os direitos dos homens são os mesmos
OLHO o olho inscrito no delta ou triângulo luminoso simboliza o Sol visível, fonte de luz e da vida; simboliza igualmente o Verbo, o princípio criador, a presença omnisciente de Deus, a omnisciência da razão superior, omnisciência do dever e da consciência. Corretamente desenhado, o olho não deve ser direito nem esquerdo, mas impessoal e abstrato
OLIVEIRA símbolo da vida e da prosperidade na paz vitoriosa
OSSOS emblema da morte, da degradação e da renúncia. Na Câmara de Reflexões, indicam ao futuro maçom que se deve desprender das ossadas terrenas, da putrefacção do túmulo, para nascer de novo
PÃO emblema do alimento do espírito (com sal), da hospitalidade e (com a água) da frugalidade, existente na Iniciação para meditação do candidato a maçom. Indica-lhe a simplicidade que deverá nortear a sua vida futura
PAVIMENTO EM MOSAICO chão em xadrez de quadrados pretos e brancos, com que devem ser revestidos os templos; símbolo da diversidade do globo e das raças, unidas pela Maçonaria; símbolo também da oposição dos contrários, bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas
PEDRA BRUTA símbolo das imperfeições do espírito do profano que o maçon deve procurar corrigir e, também, da juventude, caracterizada pelo domínio das paixões e dos impulsos, a pedra bruta apresenta-se como um bloco tosco de pedra colocado junto da coluna dos Aprendizes. A tarefa destes últimos consiste em desbastá-la até à conversão em pedra cúbica, isto é, em aperfeiçoarem o espírito e em saberem controlar as paixões
PEDRA CÚBICA símbolo da obra-prima que o Companheiro deve procurar realizar pelo aperfeiçoamento de si mesmo e o controle das paixões e dos impulsos, e também símbolo da idade madura, mais serena e calma, a pedra cúbica apresenta-se como um bloco de pedra bem talhada e polida, colocada junto à coluna dos companheiros. A sua forma termina, geralmente em pirâmide. Na pedra cúbica estão, muitas vezes, inscritos emblemas diversos da ciência
maçônica
PENTAGRAMA estrela pentagonal, também chamada pentalfa, é o emblema da natureza e do homem que nesta se insere. As cinco pontas iguais correspondem à cabeça e aos quatro membros do ser humano. Colocada na parede do Oriente das lojas simbólicas, por cima da cadeira do Venerável
POMBA emblema da força da natureza ou da virgindade
PONTE símbolo da livre passagem
PUNHAL instrumento de vingança simbólico contra os traidores
RAIOS os raios que saem do delta resplandecente simbolizam a glória divina ou, num sentido racionalista, a glória da razão e da verdade
RÉGUA Instrumento ativo, simboliza a retidão, a precisão na execução, o método, a lei justa, o aperfeiçoamento de toda a construção. Simboliza ainda o infinito, visto permitir traçar a linha reta, sem princípio nem fim. Associa-se à alavanca, instrumento passivo
SAL símbolo da hospitalidade, da ponderação e da estabilidade que devem caracterizar o maçom
SANGUE símbolo do sacrifício e da punição
SOL símbolo da luz, tanto física como espiritual e, também, da vida, da saúde, do equilíbrio, da força, do pólo activo. O Sol desempenha um papel de relevo na emblemática maçônica, estando presente na decoração das lojas, no painel do Aprendiz, na linguagem e no conteúdo dos rituais, na fixação das grandes festividades
TEMPLO simbolicamente, o templo é o objetivo da construção do maçom e do trabalho da Maçonaria. Representa, assim, o Homem perfeito, a Humanidade ideal do futuro e, por extensão, a paz, a harmonia, a liberdade, a igualdade e fraternidade, o bem, em suma, o conjunto de todas as virtudes maçônicas. Simultaneamente, microcosmo e macrocosmo, as dimensões do templo são infinitas: do ocidente ao oriente, do setentrião ao meio-dia, do nadir ao zênite
VINHO símbolo da inteligência

quinta-feira, 2 de junho de 2011

4 Motivos Para Não Ser Maçom

1. Influência política - Poder

Ao contrário do que muitos pensam, a Maçonaria - pelo menos a maçonaria Regular; e, mesmo quanto à Maçonaria Liberal, acho que são mais as vozes do que as nozes... - não tem mais influência junto do Poder Político do que qualquer outra instituição social. A única influência que a Maçonaria pode exercer é apenas de ordem moral, pelo exemplo dos seus membros através da aplicação dos seus princípios. Engana-se quem pensa que. ao juntar-se à Maçonaria, terá acesso aos corredores do Poder...
Aliás, uma das coisas de que o maçon rapidamente se dá conta,dentro da Ordem, é que é muito mais abrangente a ilusão do Poder, do que este propriamente dito. Ao menos em ambiente democrático, cada um exerce apenas o Poder que os demais lhe reconhecem e admitem que exerçam.
Em Loja, o detentor do Poder, o condutor, o decisor, o que detém os símbolos do Poder é o Venerável Mestre. Pois bem: como todos os que já se sentaram na Cadeira de Salomão rapidamente verificaram, a função de Venerável Mestre é aquela em que, afinal, não se tem mais direitos do que o mais recente Aprendiz e se tem mais deveres do que os restantes Mestres.
Portanto, quem busca o perfume do Poder, procure-o noutro lado, não na Maçonaria. Aqui apenas aprenderá o cumprimento dos seus deveres.

2. Influência económica - negócios e dinheiro

Quem pensar que a entrada na Maçonaria é uma porta aberta para obter contactos e negócios e o propiciar de condições para "subir na vida", pense outra vez, e pense melhor! Se for este o motivo que o faz desejar entrar na Maçonaria, poupe-se ao trabalho e às despesas. Dentro da Maçonaria fará os mesmos negócios que faria fora dela. O que todos lhe pedirão na maçonaria é que dê algo de si em prol dos outros. Dos demais receberá o que efectivamente necessite e os demais lhe possam dar, não o que deseje ou egoisticamente pense que lhe convenha. Os negócios da Maçonaria são de índole moral e espiritual. Quem deseje entrar no Templo tem que deixar os seus metais à porta deste.

3. Influência social - honrarias e reconhecimento

Na Maçonaria usam-se aventais e colares e jóias, é verdade. Mas o maçon considera tudo isso como meros penduricalhos. A única diferença entre o mais rico, bonito, bordado e colorido avental de Grande Oficial ou de Altos Graus e o simples avental branco de Aprendiz é que quem usa aquele pagou bem mais caro por ele do que o que usa este. Aliás, de todos os aventais que um maçon possa possuir, aquele que para ele tem significado é precisamente o primeiro, o mais simples, o avental branco de aprendiz. Esse é o que qualquer maçon, qualquer que seja o seu grau ou qualidade, pode sempre usar e simbolicamente deve sempre usar. Esse é o adorno que o maçon deve cuidar de manter sempre alvo e puro e, portanto, nunca conspurcado por acções censuráveis ou indignas.
O maçon gosta de usar a jóia de sua Loja, não porque seja bela ou valiosa, mas apenas e tão só porque é um dos símbolos de sua Loja e o seu uso demonstra a todos os seus Irmãos o grupo fraterno em que se integra.
O maçon usa colar quando exerce uma função, não porque lhe fique bem, mas apenas e tão só como distintivo de que a está exercendo. Em bom rigor não é o maçon que usa o colar; é o colar de função que usa o maçon...
Nem na sociedade profana o estatuto de maçon atribui qualquer privilégio que não o reconhecimento das eventuais qualidades de quem o seja, nem no interior da Maçonaria o estatuto social, profissional, académico ou de fortuna diferencia um maçon de outro; o mais jovem aprendiz só tem uma maneira de se dirigir ao Muito Respeitável Grão-Mestre (apesar de formalmente lhe dar este tratamento): "meu Irmão"! E é esse mesmo o tratamento que recebe do Grão-Mestre.
Assim, aquele que porventura sonhe ser a maçonaria um local ideal para obter ou reforçar reconhecimento social, não se engane a ele, nem engane os maçons: abstenha-se de pretender ser maçon!

4. Beneficência - ajuda ao próximo

O bem intencionado que porventura procure na Maçonaria o instrumento para dar largas ao seu anseio de ajudar o próximo, de ser beneficente, se é essa a principal razão que o move, se é isso que vê na Maçonaria, também está enganado.
Não que a Solidariedade e a Beneficência não sejam prosseguidas pela Maçonaria. Claro que o são. Mas não é essa a razão de existir da Maçonaria. Não é por causa da Solidariedade e da Beneficência que a Maçonaria existe. A Solidariedade e a Beneficência são simples consequências de se ser maçon.
Em linguagem de "economês", por muito praticadas que sejam, a Solidariedade e a Beneficência não fazem, no entanto, parte do "core business" (essência) da Maçonaria.
Em linguagem de "industrialês", por muito importantes que sejam, a Solidariedade e a Beneficência são simples subprodutos da Maçonaria.
Portanto, se são a Solidariedade e a Beneficência que atraem o bem intencionado, e nada mais, e não essencialmente algo mais, então o melhor que o bem intencionado tem a fazer é dar largas ao seu anseio através de outras organizações especialmente vocacionadas para isso. A Ajuda de Berço é uma boa opção. A Cruz Vermelha, também. Os Bombeiros, idem. O Banco Alimentar contra a Fome, a mesma coisa. E muitas mais organizações há que têm na Solidariedade e na beneficência a sua razão de ser. E , mesmo sem se juntar a qualquer organização, certamente na sua rua ou na sua localidade encontrará alguém que necessita da sua ajuda. Dê-lha!

segunda-feira, 28 de março de 2011

As Origens Religiosas e Corporativas da Maçonaria







A pesquisa das origens da maçonaria leva à busca das características das instituições primitivas. De modo resumido, estes traços são os seguintes:

Ÿ   Em primeiro lugar, trata-se de uma organização de trabalho, a da construção, onde o trabalho não era especializado como atualmente,  mas implicava num vasto conhecimento da Arquitetura .
Ÿ  Esta organização ia além do caráter estritamente profissional. Os seus membros deviam se considerar irmãos e se assistir mutuamente.
Ÿ  Esta associação, operativa e de assistência mútua, possuía ritos tradicionais. A admissão era feita através de iniciação e as suas reuniões continham práticas ritualísticas.
Ÿ  A partir do século XVII a associação passou a aceitar membros estranhos à sua atividade profissional e, finalmente, assume acentuado caráter universal.
A partir destas características, dois métodos se oferecem ao estudo histórico da instituição maçônica:

Ÿ  O primeiro método limita-se à pesquisa das origens da maçonaria moderna .  As fontes estão principalmente na Inglaterra e nos remetem às Guildas dos séculos XIII e XIV.

No entanto, este método não explica a universalidade da Instituição e a existência, na mesma época, de associações idênticas no continente europeu, onde os seus ritos pareciam nascidos de uma fonte comum, existente em épocas mais recuadas.

Ÿ  O segundo método leva-nos à pesquisa de grupos ou associações da Antiguidade e da Alta Idade Média cujas características se aproximem daquelas que levaram ao desenvolvimento da Maçonaria Operativa .

Um fato, porém não deve ser posto em dúvida: a Maçonaria atual nasceu da Maçonaria Operativa e, portanto devemos estudá-la .  Outro fato igualmente certo é que a Maçonaria incorporou influências diversas em seus ritos, influências estas que também devem ser estudadas.

Para ser completa, uma pesquisa histórica precisará considerar o contexto social, político, econômico, jurídico, religioso e filosófico que condicionou a ocorrência destes eventos.  Do ponto de vista cronológico, estes eventos são os seguintes:

Ÿ  Os Colégios Romanos, seus derivados Galo-Romanos, Italianos e Bizantinos, e seus descendentes da Idade Média .
Ÿ  As   Associações    Monásticas   dos   Construtores,    constituídas   pelos Beneditinos, Cistercienses e Templários.
Ÿ  Sob a égide destas associações e sob a forma de confrarias laicas ou de Guildas, ocorre o nascimento e a formação da Maçonaria Operativa .

AS ANTIGAS CORPORAÇÕES

OS COLÉGIOS DE CONSTRUTORES DE ROMA

Em razão do caráter sempre sagrado do trabalho e da ciência, as associações profissionais foram sempre sacerdotais entre os povos da antiguidade.
No Egipto, os sacerdotes formavam classes separadas e consagravam-se ao ensino de algum ramo especial  do conhecimento  humano.  Em todos os  casos, os alunos passavam por um noviciado e por provas de iniciação para se assegurar de sua vocação .

Como as demais ciências, a Arquitetura também era ensinada em sigilo.  A função sagrada de arquiteto construtor era exercida pelos sacerdotes, como por exemplo Imhotep, sacerdote do Deus Amon, que era conselheiro do faraó Sozer (3.800 AC) e que construiu a primeira pirâmide em Sakkarah.  Sennemout, arquiteto da rainha Hatsepout, era o controlador dos domínios de Amon e chefe dos sacerdotes de Monthou, na cidade de Armant.

O caráter sacerdotal e místico das associações de construtores é encontrado entre os persas, os caldeus, os sírios e os gregos. A religião também era o fundamento dos Colégios Romanos e de nossas antigas confrarias.

Em Reis V, 13 e seguintes e em VII, versículos 13 e 14, vê-se que Salomão teve, sob a direção de Hiram, milhares de obreiros envolvidos na construção do Templo de Jerusalém.
Na Grécia, as associações profissionais eram conhecidas por Hetarias. Uma lei de Sólon de 593 AC e cujo texto consta da obra de Gaius (sobre os Colégios e as Corporações) permite às Hetarias, ou Colégios, ter seus próprios regulamentos, desde que não fossem contrários às leis do Estado .


O caráter sagrado dos construtores sobrevive nas lendas dos reis arquitetos como Dédalo, Trophonius e Agamedes. Um exemplo típico é o dos sacerdotes de Dionísios ou Iachus, o Sol.  Estes sacerdotes foram os primeiros a construir estradas e estádios para os jogos de provas físicas e de ginástica. Em suas cerimônias secretas, os dionisíacos usavam simbolicamente os seus utensílios de trabalho.

Estrabão, em sua obra Theos, afirma que os reis de Pérgamo (300 AC) tinham uma iniciação particular que incluía palavras e sinais de reconhecimento.
O mais antigo código chegado até nós, o código babilônico de Hamurabi, (2.000 AC) descoberto em Susa, já menciona as associações dos carpinteiros e dos talhadores da pedra .

OS COLÉGIOS ROMANOS

Segundo Plutarco, os Colégios de Artesãos foram fundados em Roma pelo rei Numa Pompílio, no ano 715 AC. A influência dos Colégios Romanos foi fundamental nas confrarias de construtores da Idade Média .
Sob Sérvio Túlio (578-534 AC) os Colégios Romanos aparecem com o caráter definitivo  de  corporação.  Cícero,  na  sua  obra  De Oficies  (sobre as profissões) coloca os integrantes dos Colégios entre os cidadãos de primeira classe do Império Romano .

No reinado de Alexandre Severo, apesar de reprimidos pela Lei Iulia, existiam já trinta e dois Colégios em atividade no Império. Como em todos os povos da antiguidade, o Direito e as Instituições Romanas tinham base essencialmente religiosa.

O caráter sagrado do trabalho tinha por objetivo a divinização do Homem. Para os membros dos Colégios de Construtores o mundo era um imenso canteiro de obras. O uso de sinais de reconhecimento garantia e protegia os segredos de sua profissão, herdados dos egípcios, dos gregos, dos judeus, dos persas e dos sírios.

O COLÉGIOS ROMANOS NA GÁLIA CENTRAL ( FRANÇA )

Estes Colégios foram facilmente implantados na Gália, após a sua conquista por Caio Júlio César. No século IV DC eles já existiam em Marselha, Valência, Nimes, Aix-la-Chapelle, Leão,  Narbona e  Lutécia (Paris),  onde assumiram  grande prestígio  com a  construção de importantes edifícios.

Escavações realizadas em 1715 no subterrâneo da Catedral de Notre Dame de Paris encontraram uma lápide escrita em Latim, cuja inscrição era um cântico de louvor, dedicado a Júpiter pelos habitantes de Paris.
Os Colégios também floresceram em Trèves, a rica capital dos Gauleses, e na Renânia onde existem numerosos vestígios romanos.

OS COLÉGIOS ROMANOS NA INGLATERRA

Uma vez que a Maçonaria moderna teve sua origem na Inglaterra, devemos conhecer em maior profundidade a história dos seus Colégios de Construtores.
No ano 43 DC o imperador Cláudio enviou à ilha algumas brigadas dos Colégios de Construtores então estacionadas com as legiões romanas ao longo do rio Reno, na Gália .  O seu objetivo foi construir as defesas romanas dos ataques do celtas do norte (os escoceses).

Na  época, ainda  não existiam  cidades nem  castelos na  Grã-Bretanha.  Os Colégios foram encarregados de construir campos fortificados para as legiões.  Em pouco tempo estes campos se transformaram em cidades dotadas de termas, templos e palácios. Uma destas cidades foi York, então chamada de Eboracum, célebre na história da Maçonaria. Os Colégios de Construtores edificaram também três grandes muralhas no norte do país, na intenção de conter os ataques dos celtas.

Em 287 DC, Carausius, comandante da frota romana na Gália Superior (Bélgica), declara-se imperador da Inglaterra e confirma todos os antigos privilégios dos Colégios de Construtores que foram estabelecidos ao tempo de Numa Pompílio e de Sérvio Túlio .

Em 306 DC Constantino assume o poder em Roma e proclama o cristianismo a religião  oficial  do  Império.  Durante  um  século a  nova   religião se expande na Inglaterra, onde os celtas finalmente conseguiram expulsar os romanos, no início do séc. V DC. Na mesma época toda a Europa caía no domínio dos bárbaros.

OS COLÉGIOS ROMANOS E AS INVASÕES BÁRBARAS

Na Gália, as leis romanas subsistiram nos reinos dos Visigodos e dos Burgúndios, através da Lex Romana Visigothorum ou Breviário de Alarico .  Este código de leis, que também vigorava na Aquitânia, no Languedoc e em Narbona, protegia os Colégios dos Construtores.

Com a sobrevivência destas instituições também no Loire, nos vales do Reno e do Saône, várias construções de grande porte foram realizadas, como por exemplo a catedral de Clermont (450-460 DC) cujos muros tinham gravados os utensílios usados na sua construção .

Entre 475 e 550 DC os Construtores edificaram muitos palácios e monumentos, como por exemplo as Colunas de Auvergne, a Catedral dos Santos Apóstolos em Rouen e a magnífica igreja de São Vicente em Paris, no bairro de Saint-Germain-de-Pres.

Ao final do século VII e início do século VIII os Anglo-Saxões recrutaram mestres construtores de Roma e da Gália, herdeiros dos Colégios Romanos e organizados em forma de associações.

Na época, as basílicas da Gália já mostravam estilo diferente das romanas, devido às influências orientais introduzidas pelos Godos e pelos Visigodos, trazidas do Egito, da Palestina, da Síria e da Pérsia sassânida .

Em 568 DC os Visigodos Lombardos invadiram a Itália e fundaram um reino que só seria vencido por Carlos Magno em 774 DC. Nesta época, somente Roma,  Ravena e Veneza  permaneceram livres e ligadas ao Império Romano do Oriente, em Bizâncio (Constantinopla/Istambul). É no reino Lombardo que surgem os Mestres Comacinos, da região de Côme, reconhecidos como excelentes artesãos da arte de construir.  A sua ação influenciou o desenvolvimento da Arquitetura no norte da Itália entre os séculos VII e XII. A sua organização era semelhante à dos Colégios do Império Romano do Oriente.

 AS ASSOCIAÇÕES MONÁSTICAS

Ao final do Império Romano, com o aparecimento dos pequenos Estados suseranos, as antigas instituições foram gradualmente desaparecendo, substituídas pelas classes dos homens livres, dos aldeãos e dos servos. Para garantir a sua sobrevivência, os Mestres Construtores se refugiaram nas igrejas, nos mosteiros e nos conventos que haviam construído na alta Idade Média .

A história das Associações Monásticas está ligada à das Ordens Religiosas, em
particular à Ordem dos Beneditinos e à Ordem do Templo .
O papel dos Templários está intimamente ligado ao surgimento da Maçonaria Moderna .

Para conhecer a extensão da influência dos Templários, seria necessário analisar a formação das Associações Monásticas nas regiões góticas, assim como a sua atuação na transição da arte romana para a arte gótica .

Na Inglaterra, as confrarias monásticas se desenvolveram sob a proteção dos Beneditinos de Santo André. Entre os anos de 856 e 1307 DC diversas igrejas e catedrais foram construídas na Inglaterra pelas associações monásticas de construtores, comandadas por mestres notáveis como Santo Augustin, São Dunstan, arcebispo de Canterbury, Gauthier Gifford, arcebispo de York e Gauthier Stapleton, bispo de Exeter.

Uma destas associações monásticas, a dos Colideus, relacionou-se com o rei Athelstan, que iria ter papel decisivo na história da Maçonaria. Em sua origem, os Colideus eram um pequeno grupo de cristãos. Foram os primeiros a introduzir o cristianismo na Inglaterra, e em sua organização adotaram os princípios dos Colégios Romanos, existentes na Inglaterra até à saída dos romanos da ilha britânica .

A LENDA DE YORK

Esta Lenda é contada no Poema Regius ou Manuscrito de Halliwel, datado do final do século XIV e descoberto em 1838 no Museu Britânico por James  Halliwel.  Athelstan governou a Inglaterra de 924 a 940 DC. Ele completou a conquista dos pequenos reinos iniciada por seu avô, Alfredo o Grande, e tornou-se o primeiro rei de toda a Inglaterra .

Athelstan utilizou os serviços dos Colideus na construção de vários castelos, abadias e mosteiros. Em 926 DC, em sua passagem por York (a Eboracum dos romanos) após vitoriosa campanha militar contra os escoceses, o rei se reúne com os Colideus na catedral de São Pedro .

Para manter a ordem nos trabalhos construtivos e para punir os transgressores da lei, o rei proclamou um édito dirigido a todos os maçons, determinando que todos os Colideus deveriam reunir-se anualmente em York, para tratar dos assuntos de interesse da associação.
A Lenda conta que na mesma ocasião - 926 DC -  o filho adotivo de Athelstan, o príncipe Edwin, concedeu Carta Constitutiva à Loja de York e tornou-se o seu primeiro Venerável Mestre. Esta Loja teria permanecido ativa até 1172 DC, quando teria sido fechada pelo rei Henrique II.

O artigo Arte Céltica inserto no Dicionário de Arqueologia Cristã, de Dom Cabral, fornece a lista dos edifícios, monastérios e igrejas construídos pelos membros da Loja de York. Eles foram os introdutores do estilo gótico ou ogival.  Um dos principais exemplos deste estilo  na Inglaterra é a Abadia de Westminster, em Londres.

AS  GUILDAS

As  Guildas  tiveram  sua  origem  nos  Colégios  Romanos  e  receberam  em  sua formação a influência das idéias cristãs de fraternidade. Dividiam-se em Guildas Religiosas ou Sociais, Guildas de Mercadores e Guildas de Artesãos.

Elas já são mencionadas nas Iudicia Civitatis Londoniae redigidas no reinado do rei Athelstan. As Guildas de Artesãos são já influentes na Inglaterra no reinado de Henrique I (1100-1133), descendentes que eram de uma confraria de construtores que os Templários trouxeram da Terra Santa para construir a sua Igreja de Fleet Street em Londres (Catedral de São Paulo).

OS  TEMPLÁRIOS

A Ordem dos Templários, cujo nome correto é Milícia do Templo, foi criada em Jerusalém em 1118, tendo como seu primeiro Grão-Mestre Hugues des Pains, sob a proteção de Theocletes, 67º sucessor do apóstolo São João .

Seus membros pronunciavam três votos:  Obediência, Pobreza e Castidade e tinha por objetivo defender o Santo Sepulcro e os peregrinos da Terra Santa .
Através de suas numerosas e poderosas Comanderias espalhadas pela Europa, a Ordem do Templo exerceu forte influência sobre as Associações Monásticas de Construtores e sobre as Guildas, constituindo confrarias religiosas comparáveis às dos Beneditinos e Cistercienses. Antes de dar início a qualquer atividade importante, os Templários invocavam a Deus da seguinte maneira:   NON NOBIS DOMINE SED NOMINE TUO AD GLORIAM (o que vamos realizar oh Deus, não é para nosso proveito, mas para a glória do Teu nome).

OS TEMPLÁRIOS E A MAÇONARIA

Quando os Templários, ajudados pelos cristãos, disseminaram as suas comandarias pela Europa, dividiram com eles os segredos dos ritos tradicionais dos Colégios Bizantinos - os Colégios Romanos do Oriente - e dos Tarouq Muçulmanos, fundamentados no sincretismo hermético .

Em todas as suas possessões os Templários tinham pedreiros livres a seu serviço, dirigidos por um oficial do Templo. Na Inglaterra, ao início do séc. XIII já era grande a influência da Ordem do Templo que se beneficiava dos grandes donativos feitos pelo rei Henrique I. O seu prestígio foi ainda maior no reinado de Ricardo Coração de Leão .

Em sua Cruzada, juntamente com Felipe Augusto, rei de França, ele conquistou Chipre e entregou a ilha à guarda dos Templários, dos quais se tornou grande aliado e amigo. O poder e a riqueza da Ordem do Templo eram tais no início do século XIV que os Templários eram temidos e invejados tanto pela Igreja quanto pelo rei de França, Felipe V, o que acabou provocando a sua extinção .

Com efeito, uma bula do Papa Clemente V, de 2/5/1312, decretou a sua extinção, passando todos os seus bens para a Ordem do Hospital de São João de Jerusalém, depois Ordem dos Cavaleiros de Malta.

Esta Ordem manteve a proteção aos Mestres Maçons, representada em iconografia do final do séc. XV, que mostra o Grão-Mestre da Ordem recebendo um Mestre Maçom, seguido de seus Companheiros portando os seus utensílios de trabalho: o Esquadro, o Compasso, o Malhete e o Cinzel.

Após a dissolução da Ordem, os Templários se introduziram nas corporações dos construtores para se proteger das perseguições, adotando seus sinais e palavras, e continuando assim a exercer sua influência na formação da Maçonaria Moderna .

Em Portugal, o rei Dom Diniz fundou a Ordem de Cristo com a finalidade principal de acolher os Templários perseguidos, bem como garantir-lhes os seus bens materiais, que de nenhuma forma foram entregues nem ao Papa nem ao rei de França.
Foi particularmente na Escócia que se refugiaram os Templários ingleses, onde receberam a proteção do rei Robert Bruce, que tinha parentes Templários. Em 1314 este rei fundou, em favor dos Maçons, a Ordem de Heredom de Kilwining, concedendo ao mesmo tempo o título de Grande Loja Real de Heredom de Kilwining à Loja fundada em 1150.

Podemos resumir assim a influência dos Templários na formação da Maçonaria Moderna:

Ÿ  Os Templários constituíram associações monásticas de construtores, segundo as tradições greco-romanas, transmitidas pelos Beneditinos e pelos Cistercienses.

Ÿ  Eles tiveram ligações estreitas com as associações arquitetônicas cristãs e muçulmanas do Oriente, das quais receberam influências operativas e iniciáticas .

Ÿ  Após a dissolução da Ordem do Templo, um grande número de Templários se incorporou aos mestrados dos construtores.

A MAÇONARIA CORPORATIVA NA INGLATERRA

Com a Maçonaria Anglo-Saxonica nasceu a Maçonaria Especulativa Moderna . Assim, em sua formação a Maçonaria Operativa recebeu as seguintes influências:
Os Colégios Romanos, em certa medida os Colideus, os monges Beneditinos e Cistercienses e as Confrarias da Normandia e das Ilhas Britânicas. A instituição das Guildas oferece um caráter jurídico às Confrarias.

As Guildas inglesas apresentavam um caráter profissional e religioso . Não só as Guildas não sofreram restrições na Idade Média, como foram influenciadas pelos Hermetistas, Pitagóricos, Neo-Platônicos e Rosa-Cruzes, a partir do momento em que a Maçonaria deixou de ser puramente operativa, e passou a admitir grande número de membros não ligados à profissão dos construtores. Estes novos membros foram chamados de membros especulativos.

Os documentos mais antigos da Maçonaria Inglesa datam do início do séc. XIII, como por exemplo o de 1212, escrito em Latim, com o título “Sculptores Lapidum Liberorum” ( Pedreiros Livres ). Também existem documentos em Francês, de 1292 e 1350.  Neste último apareceu pela primeira vez a expressão “Franco-Maçom ou Pedreiro-Livre”. Outros documentos sobre a Instituição também foram escritos em 1376, 1377, 1381, e 1396, este último escrito pelo arcebispo de Canterbury, o patriarca da Igreja Anglicana .

Data de 1409 outro documento, relativo à construção da Catedral de São Paulo em Londres.  Estes documentos  tratam da  organização, das  normas de trabalho e do embrionário ritual maçônico. Deve-se mencionar que no fim do séc. XVII  parte da maçonaria inglesa era já especulativa e admitia mulheres na instituição, conforme menciona o Estatuto da Loja de York de 1693, que diz que “aquele ou aquela que se tornasse maçom deveria fazer seus juramentos colocando a mão sobre a Bíblia .

Em 1472 e em 1481 apareceram documentos sobre a Antiga e Fraterna Ordem dos Maçons e sobre a Fraternidade dos Franco-Maçons da cidade de Londres. Os dois mais importantes documentos antigos sobre a Maçonaria são o Manuscrito Cooke e o já referido Poema Regius, que é composto de 794 versos e que prova que os mistérios da Fraternidade já eram praticados na Inglaterra, no século XIV.

O Poema Regius afirma o caráter religioso e moral da Ordem, a eleição anual de sua administração em assembléia, menciona a lenda dos Quatro Santos Coroados protetores da Ordem, narra a história da construção da Torre de Babel, menciona as sete artes liberais, faz recomendações religiosas e contém um código social.

O Manuscrito Cooke data de 1430 mas é a compilação de documentos do início do século XIII. Divide-se em duas partes. Na primeira, conta a história da Geometria e da Arquitetura; na segunda, contém um Livro dos Deveres, que compreende a organização do trabalho em nove artigos, promulgados pelo rei Athelstan em 926 DC na cidade de York. Também contém artigos de ordem moral, religiosa e social.

A palava “Especulativo”  aparece pela primeira vez, na frase “o filho do rei Athelstan- Edwin - era um verdadeiro Mestre Especulativo”.

O Manuscrito de Cooke serviu de base a George Paine, segundo Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, para escrever os seus primeiros regulamentos, adotados no dia de São João ( 21/06/1721 ).  Foi também a principal fonte na qual James Anderson e Desaguilliers se basearam para redigir a Constituição editada em 1723.

Importantes são também as Old Charges - os Antigos Deveres - do século XV e relativos à Maçonaria Operativa ou Corporativa de Ofício (Guildas de Ofício). Outros documentos maçônicos antigos e importantes foram destruídos num auto de fé por Desaguilliers, Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, em 21 de junho de 1719 (há quem afirme que o autor da barbárie foi George Paine).

As Old Charges são iniciadas com a invocação à Trindade Cristã, e seu conteúdo é mais ou menos o seguinte:
“Caros Irmãos, nossa intenção é vos fazer conhecer como começou nossa Venerável Ordem Maçônica”.  Segue-se uma descrição das sete ciências, ressaltando a Geometria como a maior delas. O último capítulo conta uma lenda, que é a seguinte:
Após o dilúvio, Hermes Trimegisto encontrou uma das duas colunas nas quais estavam os documentos que continham toda a ciência; ele assimilou tudo o que encontrou e o ensinou à humanidade, tornando-se o pai de todos os sábios. A segunda coluna foi encontrada, segundo o Manuscrito de Cooke, por Pitágoras. Em seguida, é mencionada a história de Nemrod, rei da Babibonia, que deu uma régua a seus maçons. Eles deviam ser fiéis e se amar uns aos outros.

O personagem seguinte é Abraão.  Ele emigrou do Eufrates para o Egito, onde ensinou as sete ciências.  Euclides foi aluno de Abraão.  Com a permissão real, Euclides ensinou a Geometria aos príncipes, filhos do faraó.

Em seguida vem a história de Davi, que protegeu os maçons. Seu filho, Salomáo, termina a construção do Templo, reunindo na obra 24.000 maçons, entre os quais havia 3.000 mestres. Hiram, rei de Tiro, tinha um filho chamado Aymon que era o maior dos Mestres.

A lenda pula vários séculos, e conta em seguida que a Maçonaria foi introduzida na Gália por Namus Groecus, que tinha participado da construção do Templo de Salomão . Ele ensinou a Maçonaria a Carlos Martel, que por sua vez a ensinou aos seus súditos.
A lenda chega a Santo Alban, patrono dos Maçons, e ao rei Athelstan cujo filho, Edwin, era Maçom.

A interrupção da lenda neste ponto sugere que tenha sido escrita nesta época. A verdade é que na Inglaterra e na Escócia a Maçonaria se fortificou com o apoio do poder real e dos bispos e arcebispos da Igreja .

Assim é que, em 1495 o rei Henrique VII defende o uso dos sinais de reconhecimento empregados pelos maçons e, em 24/06/1502, ele preside a reunião da Sociedade dos Maçons de Londres, na ocasião da colocação da pedra fundamental da reforma da Abadia de Westminster.
É somente após a Reforma religiosa de Lutero e com as mudanças na dinastia inglesa, que os maçons ingleses e escoceses, até então fieis à Igreja Católica Apostólica Romana, ofereceram apoio ao rei Henrique VIII e ao Clero Anglicano. Isto viria  contribuir para a criação da Grande Loja de Londres em 1717.

A UNIÃO MAÇÔNICA

O tipo de trabalho realizado pelos maçons tornava-os itinerantes. Devido a isso, era constante a intercomunicação entre as Lojas, e todo o Maçom tinha o direito de ser recebido na Loja da cidade em que estivesse.
Assim, havia necessidade de possuírem sinais de reconhecimento e técnicas e
práticas comuns. No interesse da Ordem, convinha conservar em segredo estes sinais e práticas. Deste modo, foi instituída uma organização que se manifestava da seguinte maneira:

Ÿ  Pela realização de sessões periódicas para tratar dos interesses da Ordem

Ÿ  Pelo reconhecimento de Lojas Regulares, pelas Lojas mais antigas ou Lojas-Mãe

Ÿ  Pela instituição de um protetor comum, denominado Grão-Mestre

Apesar disto, não havia ainda uma organização legislativa e administrativa permanente, nem uma pré-figuração das Obediências, que só deviam se materializar  em 1717,  com a  fundação  da  Grande Loja de Londres e Westminster (Mosteiro do Ocidente). Na época as Lojas eram livres, não subordinadas a uma Loja-Mãe, como nas Grandes Lojas e Grandes Orientes Modernos. Na Inglaterra o papel de Loja-Mãe foi por muito tempo realizado pela Antiga Loja de York, que podia provar ser muito mais antiga que todas as outras.

Na Escócia, as Lojas de Kilwining e de Edimburg possuíam o privilégio de outorgar Cartas Constitutivas a outras Lojas. Este estado de coisas viria desembocar na fundação da Grande Loja de Londres, a 24.06.1717, quando se juntaram as Lojas The Goose and Gridiron, The Crown, The Apple Tree, The Rummor and Grapes, sendo George Paine eleito Grão-Mestre.

Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2001

Antonio Rocha Fadista - M.:I.:
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